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A acalmia dos incêndios que assolaram o país foi acompanhada pelo suprimir da sua discussão no espaço público. Enquanto o país ardia, fomos inundados por todo o tipo de análises, comentários, intervenções políticas e até de um debate de urgência na Assembleia da República. Ignoram, assim, que o melhor contributo que se pode dar para a resolução de qualquer problemática é atuar antes, numa perspetiva preventiva e, posteriormente, numa procura de responsabilidades e causas, visando as inerentes propostas de melhoria. Durante - se nos cingirmos à crítica -, apenas contribuiremos para o afastamento do foco que deve estar na resolução possível e imediata do incidente.
Aproveitando a oportunidade que nos é dada por este interregno, e reconhecendo o empenho, acima do exigível, de todos os profissionais que atuam na vigilância/prevenção, no que às Forças de Segurança diz respeito, mas admitindo que a cada ignição - de forma dolosa ou negligente -, corresponderá, na maior parte dos casos, um infrator/criminoso, concluímos que o número de ocorrências é largamente superior à quantidade de suspeitos identificados.
Provavelmente, também neste âmbito, se sente a escassez de recursos humanos. Mas se essa insuficiência já não é notícia pela sua normalização, não deixa de se estranhar, que com essa falta de meios, se transformem profissionais da GNR, formados para serem órgãos de polícia criminal, em bombeiros.
Deveria ser explicado, com a flagrante falta de polícias no território nacional, como se pode continuar a desviar esses preciosos recursos para atividades para as quais a sociedade portuguesa não pretendeu investir e, sobretudo, no seu recrutamento não autorizou.