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É com casas e casinhos muito mal explicados, no meio de uma crise internacional sem precedentes, com os nomes de Trump e Musk à cabeça, que vamos a eleições a 18 de maio.
Na grande política discute-se o que vão fazer os países da Comunidade Europeia que estão na NATO, para conseguirem cumprir os objetivos de defesa e, ao mesmo tempo, os objetivos financeiros europeus. Onde encontraremos o equilíbrio entre despesa e austeridade?
A verba do Orçamento do Estado de 2025 para a Defesa é de 3065,1 milhões, havendo um aumento face a 2024, mas com menor aumento em relação a 2023. O grosso desse aumento tem a ver com salários, negligenciando-se infraestruturas e armamento.
Tendo a meta dos 5% do PIB até 2030, onde faremos cortes? No aeroporto? Na alta velocidade?
Resumindo: vamos para eleições e continuamos, como desde 2005 a esta parte – salvando as honrosas exceções de Ferreira Leite e Rio que apresentaram um programa político e executivo aos portugueses – sem saber quais as ideias-base a que se propõe o PSD e o PS, encabeçados pelos dois líderes, como se a sua presença fosse forte o suficiente para atrair o voto.
Onde estão os grandes temas nacionais, que derivam dos acordos assinados com os parceiros da CE e da NATO? Gaza? A relação comercial com a China? A nossa importância diplomática? O futuro de África? A gestão da água e impacto internacional de medidas ambientais? A dependência energética? Estes temas deviam estar no centro da campanha eleitoral.
Senão, o que teremos? Casas, Maserati e “pugnar por uma melhor vida para os portugueses”.
Há quem pense que isto é suficiente para garantir uma vitória. Mas quando nos dizem que os políticos são todos iguais, e quando conseguimos observar uma relação direta entre este discurso e a abstenção ou, pior ainda, a subida de votos de quem vem “pôr ordem nisto tudo”, todos perdem.
Ainda há tempo de salvar a política, elevar a qualidade da discussão e, acima de tudo, devolver dignidade ao centro, onde realmente se constrói o nosso futuro; ou continuamos a ser reféns de promessas vazias e populistas. Todos!