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A caminho dos 150 anos, a ponte D. Maria Pia aguarda paciente o futuro. É a mais antiga das pontes do Porto que ainda hoje resiste. Inaugurada em 1877 por D. Luís I e D. Maria Pia. Antes desta, só as Pontes das Barcas e Pênsil lograram facilitar a ligação das margens do Porto e Gaia.
A chegada da via-férrea à cidade do Porto, exigiu a construção de uma ponte que, até á data da sua inauguração, tinha o maior arco em ferro do mundo. Aliás, é considerada como uma das maiores obras-primas executadas pelo engenheiro Gustave Eiffel.
E há mesmo quem diga que o arco não fechou à primeira, tendo sido Eiffel a conduzir todo o processo desse fecho, sob os olhares atentos de todos. Mas não impediu uma inauguração de arromba. Hélder Pacheco, em "Porto" (1984), refere que "Hotéis, pensões, hospedarias e casas particulares abarrotavam de forasteiros que vieram assistir ao memorável espetáculo."
A partir desta ponte, até aos dias de hoje, mais cinco nasceram e marcaram a paisagem da cidade, agrafando o território que o rio tentou separar durante séculos.
Classificada monumento nacional, é a única obra portuguesa na lista de grandes obras de engenharia da American Society of Engineering.
E o que se passa hoje com a nossa ponte D. Maria Pia?
Está fechada desde 1991, diria abandonada, chorando sobre o rio que a conforta.
Nestes 32 anos algumas hipóteses foram estudadas, mas nenhuma logrou concretizar-se. A mais referida até hoje, e que subscrevo, é ser uma travessia pedociclável.
Esta solução, permitiria, ainda, ser a varanda sobre o Douro, a partir dos olhares deslumbrados dos que por aí passassem através dos modos suaves da mobilidade.
*Especialista de Mobilidade Urbana