Pontes de(o) conhecimento fazem futuro – toda a inteligência, virtude e justiça
A inteligência (ou supostamente a sua falta) artificial paira sobre os nossos dias. Mas não há qualquer dúvida, diria eu, que a dimensão humana é aquela que mais impacto nos absorve e mais esperança cria. Infelizmente muitos agentes têm uma prática e discurso erráticos, não para confundir, mas para reduzir as nossas competências a um básico com o qual não nos podemos resignar.
É por isso que hoje importa ver, cada vez mais, o contributo que cada um está disponível a dar. A este propósito veja-se o desafio que o último relatório do Fórum Económico Mundial (Future of Jobs Report) coloca sobre as instituições de ensino e também sobre também todos os empregadores – 59% da força de trabalho precisará de requalificação até 2030, mas haverá uma franja excluída!
A principal ação transformadora centra-se na inteligência artificial e como esta vai alterar o paradigma do trabalho, sobretudo ao nível da rapidez e do potencial de crescimento. A ação que muitos considerariam há anos “de ficção” obrigará a que exista um ressurgimento (maior protagonismo) de algo que muitas vezes ficou num segundo plano: o pensamento crítico, analítico, sistemático e com mentalidade de crescimento (nas palavras de Carol Dweck), mas também a curiosidade, a flexibilidade e a liderança (que tanta falta nos faz, sobretudo quando a mesma é equilibrada, conhecedora dos dias de hoje, de ontem e criar um novo e amanhã). Mais uma certeza que fica deste relatório – as estratégias devem ser sempre definidas centradas nas pessoas, mesmo quando falamos de IA.
Cabe a cada agente fazer deste caminho um equilíbrio. O Ensino Superior fá-lo todos os dias, seja através da sua formação regular, seja através de programas como Impulso ou Upskill, que criam renovadas alianças entre o conhecimento e as empresas.
Um dos desafios que permanecem reside na capacidade em não deixar ninguém para trás, numa espécie de concretizar a “justiça como primeira virtude das instituições”, como defendeu Rawls. A reflexão de Ángel Puyol sobre Rawls é bem clara nos desafios que vivemos – em política, em filosofia e, em geral, na vida destruir é mais fácil do que construir. As lideranças devem fazer diferente e colocar (toda) a inteligência ao serviço das pessoas.

