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A crise política que atravessamos, numa altura em que Portugal precisa de estabilidade para enfrentar as ameaças externas globais e resolver os problemas reais das pessoas e do país, precisa de ser rapidamente ultrapassada.
Portugal encontra-se num momento de crescimento económico, com contas públicas sólidas. Temos problemas estruturais ainda por resolver e temos problemas conjunturais que resultam de “dores de crescimento” e dos contextos exógenos.
Há uma certa tentação nacional para nos focarmos nos problemas e sermos descrentes em relação às suas soluções. Parece que desejamos sempre encontrar a solução perfeita e imediata para problemas que são complexos e dinâmicos. O “ótimo é inimigo do bom”, dizem os mais pragmáticos. E está na altura de a política nacional assumir este pragmatismo, resistindo à tentação da guerrilha partidária estéril que só se serve a si mesma e muito pouco tem contribuído para o país, fazendo crescer o populismo e os extremismos.
Esta é uma mensagem dupla, para quem exerce o poder e para quem faz oposição. Quem exerce o poder deveria ser capaz de ouvir e procurar consensos e implementar as melhores políticas, mesmo que tenham origem nos opositores. Quem está na oposição deveria ser igualmente capaz de criticar e fiscalizar quem exerce o poder, mas sempre com sentido construtivo e de serviço ao país. Desta congregação de esforços pragmáticos resultariam menos solavancos e retrocessos que tantas vezes têm prejudicado os portugueses.
E não podemos continuar a pensar que são as grandes reformas que resolverão, para todo o sempre, os problemas do país. Porque os novos problemas coexistem e interagem com os velhos problemas, criando contextos e desafios inesperados, com consequências que não dominamos.
Por isso, precisamos de uma nova abordagem: de capacidade de analisar e decidir rapidamente e de avaliar, fiscalizar e adaptar as soluções permanentemente. Precisamos de uma nova abordagem colaborativa, adaptativa e evolutiva, em que os equilíbrios políticos e institucionais não sirvam para agravar conflitos, mas para os resolver.
Nota final: o país não pode continuar a assistir à fragilização do setor da Comunicação Social. Também neste setor se juntam problemas estruturais e conjunturais, numa tempestade perfeita que abala o coração da nossa democracia. O “Jornal de Notícias” é crucial para o país, para a região e para a projeção de Portugal no Mundo. Só posso ser solidária com a procura de uma solução que consiga evitar que assim deixe de ser.