Porque se esconde o filho a um pai?
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Essa inquietação acompanha-me há semanas, mas tornou-se mais aguda nos últimos dias: porque optam, em tantas separações conflituosas, algumas mulheres por esconder os filhos dos pais quando lhes querem mal?
Não estou a falar de casos de abuso ou violência, onde o afastamento é uma medida necessária para proteger a criança. Refiro-me às situações em que, movidas por ressentimento ou desejo de vingança, mães proíbem o contacto entre pai e filho, transformando a criança num instrumento de uma disputa que, no fundo, não lhe diz respeito.
Quando uma relação termina mal, é comum que o rancor se instale, e o desejo de ferir o outro, muitas vezes, toma formas que nem sempre controlamos. No entanto, ao esconder os filhos de um pai que deseja participar da sua vida, o que se está realmente a atingir? O ex-companheiro ou a própria criança? Será que as mães que fazem isso percebem o impacto profundo sobre a vida emocional dos seus filhos?
O mais curioso é que, em muitos desses casos, a mãe acredita estar a agir de forma protetora, como se o afastamento fosse uma maneira de evitar que a criança sofra. Mas a verdade é que esse tipo de atitude não protege, e sim fere.
Quando se esconde a criança do pai, a mãe não está apenas a criar uma barreira física. Está, na verdade, a moldar a forma como esse filho irá ver o Mundo.
Crescerá com uma parte de si ausente, uma lacuna que, mais cedo ou mais tarde, gerará dúvidas, inseguranças e questionamentos. Quem era o meu pai?
Porque não esteve presente? O que fez de tão errado que eu não pude conhecê-lo?
Mais cedo ou mais tarde, essas perguntas virão. E o mais doloroso é que, muitas vezes, a criança descobre que não foi o pai quem se ausentou voluntariamente, mas sim que lhe foi negado o direito de o ver. E aí o peso da decisão recai sobre quem a tomou: a mãe.