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Não é apenas sobre o que se diz, mas sobre como se faz ouvir. Se essa lição não for aprendida de imediato, veremos repetirem-se no Mundo as mesmas vitórias que hoje chegam dos Estados Unidos.
O recado é claro - a velha fórmula baseada em debates mornos e diplomacia calculada é insuficiente. Enquanto alguns permanecem apegados a ideais e estereótipos de um passado que já não se traduz em votos, Trump mostrou-se apto a capturar o medo e o descontentamento popular, demonstrando ser essa a solução preferida contra a desordem e a incerteza.
Para a social-democracia que se diz progressista, a urgência do momento é evidente. Precisa de aprender a falar não apenas sobre igualdade e justiça, mas sobre o que as pessoas comuns sentem nas ruas e em suas casas - e isso com uma modernidade, clareza e energia que lhe faltam.
Se quiser ter chances reais de reverter o cenário nos EUA e evitar que o mesmo aconteça no Brasil, terá de se adaptar ao jogo dessa comunicação moderna que entende a urgência das demandas e que fala com um público cansado das promessas repetidas e que já não vê nas lideranças “progressistas” as respostas necessárias.
Agora, em vez de seguir lamentando perdas ou demonizando a Oposição, é preciso aprender a criar uma narrativa de futuro, que ofereça uma alternativa real e concreta às ansiedades das pessoas. É preciso descer de um pedestal de superioridade intelectual e fazer-se à vida. É preciso primeiro aceitar que aos olhos do povo já não há uns melhores que outros.
O tempo é agora para que os partidos políticos tradicionais pensem sobre o que desejam ser: uma força renovada, pronta para o futuro, ou instituições empoeiradas que ainda acham que o passado basta para iluminar o caminho.