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A crónica poderá não agradar a Lisboa, mas é real. O Porto foi “capital urbana” cerca de 40 anos antes da nacionalidade, por questões relacionadas com a Igreja, que administrava a cidade e os comerciantes assumiram nesse período o governo da mesma. “República urbana” chamou-lhe Cortesão.
Os celtas do norte chegaram ao “Morro de Pena Ventosa” e depararam com um rio difícil, tendo-se fixado e deixado marcas, dando origem à cidade. Fizeram do rio um canal de ligação ao mundo e geraram uma cidade aberta e comercial, burguesa e, mais tarde, liberal e republicana.
Quando da transição para a Dinastia de Aviz, estiveram na frente da mudança e apoiaram o novo rei e o Infante e organizaram a ida a Ceuta. No tratado mais velho da Europa com os ingleses, enviaram o comerciante Afonso Martins Alho para o assinar em nome da Coroa Portuguesa com Eduardo III. Só foram reconhecidos por tudo isto por D. Manuel I que sentindo-os inquietos ofereceu-lhes a Rua de Santa Catarina das Flores, aristocrática e ainda hoje das mais belas. Revoltaram-se sempre que sentiam injustiças e tiveram João de Almada como “Comandante de Armas e Governador” para meter os “taberneiros” na ordem e modernizar a cidade. Ainda hoje têm o “Terreiro do Paço” na Praça da Ribeira, por razões urbanísticas e manterem o núcleo medieval do Barredo.
Mais tarde e com o mesmo espírito cívico, apoiaram o Liberalismo de D. Pedro e deram tiro de partida para a República em 31 de Janeiro. Tudo isto se passou nesta cidade que deve continuar a honrar o seu passado, pois foi aqui que se construiu a consciência da Nação, de Portugal.