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Estamos em tempo de autárquicas e a mobilidade volta a estar no centro do debate. Mas ouvimos demasiadas promessas de túneis, estradas e mais espaço para carros. Esse modelo está esgotado. O Porto já não aguenta mais trânsito, mais poluição, mais pressa. O que a cidade precisa é de coragem política para mudar o paradigma. Não é tempo de betão. É tempo de redes integradas, intermodalidade e mobilidade suave. É tempo de fazer do transporte público a escolha mais rápida, confortável e óbvia.
A expansão do metro, com as linhas Rosa e Rubi, deve ser acompanhada por um reforço da rede Unir/STCP, capaz de servir zonas periféricas e de alimentar as grandes linhas. Precisamos de interfaces intermodais eficientes, parques dissuasores e o Andante chegar mais longe, tornando a experiência mais prática e intuitiva. Pensar mobilidade é mais do que infraestruturas pesadas. É devolver espaço às pessoas. O Porto precisa de ciclovias ligadas às estações, passeios contínuos, atravessamentos seguros e ruas sombreadas.
Precisa de integrar bicicletas públicas, de transformar o caminho para a escola ou trabalho numa experiência saudável e segura. Uma cidade que convida a caminhar e pedalar é uma cidade que respira, gera comunidade, cuida da saúde de todos. A decisão das autárquicas não está em mais quilómetros de estrada, mas em quem terá coragem de cuidar mais do espaço público como lugar de encontro. É tempo de intermodalidade, modos suaves e ruas para as pessoas.