De acordo com o "Expresso", com base no Censos de 2021, entre 2019 e 2021, 20 031 habitantes do Porto saíram da cidade para irem viver para municípios vizinhos - o que significa que todos os dias, quando nos deitámos, saíram da cidade 5,5 portuenses.
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Pessoas, designadamente jovens, que saíram da cidade, na sua esmagadora maioria, por não terem capacidade económica para alugarem ou comprarem casa no Porto, vendo-se assim obrigadas a procurar soluções habitacionais noutros municípios.
Esta terrível sangria é, no entanto, parcialmente compensada pela chegada de novos habitantes, grande parte dos quais provenientes do estrangeiro (22% dos novos habitantes).
O problema não está em acolhermos mais estrangeiros. Sempre nos demos bem com isso e a nossa própria cultura deve muito às diferentes comunidades estrangeiras que, ao longo dos séculos, adotaram o Porto.
O problema está na inadmissível situação de os jovens nascidos e criados no Porto se verem obrigados a deixar a cidade, não por opção de vida, mas porque o Porto não lhes oferece alternativas habitacionais a custos aceitáveis. Sendo substituídos por pessoas com a capacidade económica para, por exemplo, comprarem um T2 a 700 mil euros!
Rui Moreira aplaude esta mudança no perfil dos tripeiros. Neoliberal como é, defende a teoria de que quem não tem dinheiro deve ir para a periferia. Por isso, com ele, mais habitação social "jamais" e a própria Câmara vende terrenos municipais a 1200€/m2, fomentando a especulação imobiliária. Contribuindo, também, para o inferno em que o trânsito no Porto se transformou, com mais 20 mil habitantes do Porto que foram viver para a periferia e que para cá se deslocam diariamente para trabalharem...
*Deputado municipal