Em Portugal há quase dois milhões de pessoas pobres ou em risco de pobreza. É seguramente uma das chagas mais significativas e persistentes do Portugal democrático, que seria mais dolorosa sem as transferências sociais.
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Mas essa ferida ficará ainda mais exposta, agora que o elevador social só se moverá para baixo. A fragilidade nacional será agudizada por este ataque, bem mais nefasto do que outros a que resistimos. É uma verdade evidente, mas é preciso relembrá-la. As dificuldades atingirão primeiro os mais vulneráveis. Há centenas de milhares de portugueses que vivem sozinhos, que dependem de solidariedade ou que não conseguem ajudar os seus. Muitos dos nossos concidadãos estão abandonados à sua fraca sorte, outros nunca tiveram sorte nenhuma. A situação vai piorar, em especial para os idosos mais debilitados, desinformados e incapazes de lutar.
Seria excelente que o Porto (e os portuenses), que tão bem tem liderado a luta pelo controlo do vírus, tivesse ainda força para continuar a dar o peito e erguer mais uma arma nesta batalha: criar um plano especialmente dedicado a acudir aos mais indefesos. Para juntar à força da ação a generosidade do coração.
Jornalista