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A chegada de Rui Moreira à Câmara do Porto teve sem dúvidas efeitos muito positivos. De um momento para o outro, começou a soprar outro ar, mais fresco, e a relação do poder com os cidadãos desanuviou-se. E o turismo, a nova mina, aguentou-se. Estou certo também que está guardada, nos altos gabinetes da Câmara, uma lista muito bem detalhada com tudo o que foi feito neste mandato e recheada de requalificações, renovações, intervenções, programações, revitalizações, construções, demolições e todas essas palavras que os autarcas gostam de usar. Mas para mim, que vivo e trabalho no centro do Porto, a cidade pouco mudou. Continua poluída, ruidosa e de trânsito infernal, onde os autocarros andam sempre atrasados e onde é preciso pagar um balúrdio para estacionar nos parques. O estacionamento, aliás, continua selvagem, nas linhas amarelas ou nas faixas de BUS, perante a passividade das autoridades. E quem tenta fazer o que está certo e pagar o parquímetro vive agora na ansiedade de ser castigado por se atrasar uns minutos. O turismo é ótimo, mas é preciso desfazer este equívoco: o Porto não é só dos donos de restaurantes e hotéis, e muito menos ainda dos fiscais de estacionamento que se passeiam por aí em pose de soldado que finalmente saiu do quartel.
*JORNALISTA