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Já tive ocasião de introduzir o tema há umas semanas e fiquei de o revisitar. Faço-o agora com o especial intuito de descrever um excelente projeto que no próximo período de programação de fundos comunitários deveria ser escalado.
Este, como seguramente muitos outros.
Talvez a preocupação fundamental de quem começa a estudar o Portugal 2030 devesse ser a identificação do que se fez de bom e se pode projetar a nível nacional, consolidando experiência e projetando os seus bons resultados. Talvez este seja afinal o único "spill over" que nos interessa...
Segundo informação que solicitei ao beneficiário:
"Em 2011 o projeto Aldeia Pedagógica de Portela foi uma das ideias vencedoras do Prémio Entre Gerações da Fundação Calouste Gulbenkian, no âmbito do Programa Envelhecimento e Coesão Social. Com o apoio financeiro recebido, a Azimute (Associação de Desportos de Aventura, Juventude e Ambiente), "resgatou" uma aldeia isolada, em vias de despovoamento e envelhecida, Portela (distrito Bragança), e tornou-a numa Aldeia Pedagógica, aproveitando as infraestruturas existentes na aldeia e valorizando os saberes e a experiência de vida dos seus habitantes idosos, atribuindo-lhes a designação de mestres, havendo mestres da horta, do galinheiro, do pão, de compotas, licores e chás, da forja, dos cogumelos, das ervas aromáticas e do sabão. Os idosos têm o papel de professores do meio rural, recebem a visita de escolas, grupos de escuteiros, instituições de idosos e mostram a horta, a capoeira, a forja, ensinam a fazer pão no forno a lenha, compotas e licores, ensinam truques de magia, ensinam a recolher cogumelos silvestres e ervas aromáticas e partilham tradições e saberes numa escola ao ar livre.
Estão envolvidos no projeto 30 idosos e respetivas famílias. A Aldeia Pedagógica de Portela recebeu mais de 2000 crianças e adultos (visitas e atividades)."
A Azimute candidatou, entretanto, mais três aldeias, Pinela (Bragança), Vilar Seco e Vale de Frades (Vimioso) com o objetivo de repetir o projeto, introduzindo, a par do programa "Mestres da Aldeia" tecnologias (como o uso do Skype) visando o reforço de laços familiares ou a interação entre os habitantes das várias aldeias-modelo e ainda projetos de criação artística com vista ao desenvolvimento da motricidade, da precisão manual, da coordenação psicomotora e da criatividade.
Num país que repete à exaustão o seu problema de interioridade e isolamento é fácil imaginar o potencial territorial e social deste projeto por agora bem ancorado nos seus parceiros sociais, câmaras de Bragança e Vimioso e Fundação Gulbenkian e na Estrutura de Missão para a Inovação Social.
No entanto, diz-me a experiência que mais depressa alguém começará de novo a desenhar o "Portugal 2030" em cima de um papel em branco!
*ANALISTA FINANCEIRA