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E o caro leitor? Concorda com a posição de Espanha, da Eslovénia, da Irlanda, da Islândia e dos Países Baixos de não se fazerem representar na edição do próximo ano da Eurovisão caso Israel se mantenha como concorrente? É sempre triste quando um país se vê afastado de uma competição internacional, seja ela desportiva ou cultural. Injusto, sobretudo, para os atletas e para outros profissionais da área da cultura que se dedicam muitas vezes durante anos para poderem mostrar o seu talento num palco internacional.O argumento de quem pretende boicotar a Eurovisão é simples. A Irlanda, que foi o primeiro país a declarar oficialmente que não participaria, justifica a sua posição com a "perda contínua e terrível de vidas em Gaza", o assassinato de jornalistas e as restrições de acesso aos órgãos de Comunicação Social. Os Países Baixos dizem que os seus valores "são incompatíveis com a conduta de Israel" e Espanha considera que "não se pode normalizar a participação de Israel nos fóruns internacionais". Já Portugal, segundo a TSF, discutirá o assunto na próxima semana com a União Europeia de Radiodifusão.As posições das televisões estatais desses países são legítimas. Recorde-se que a Rússia foi afastada após a invasão da Ucrânia, em 2022. Ninguém contestou a decisão. E, na verdade, a Eurovisão nunca foi apenas um festival da canção. A dimensão política está presente desde cedo. Então, o que mudou? A solidariedade internacional não pode ter dois pesos e duas medidas.O que a Eurovisão não pode ser é o palco da Europa para celebrar a diversidade cultural, enquanto ignora e normaliza o genocídio em Gaza.