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Já nos apercebemos de que o Mundo está a mudar. Inteligência artificial, algoritmos, bots, robôs deixaram há muito tempo de ser ficção científica. Fazem parte do quotidiano, mesmo quando passam despercebidos. E agora que a bolha da IA rebentou, começamos a ouvir falar de limites, de regulamentação, de linhas vermelhas, etc. Mas será que as big techs alinham com os reguladores na procura de maior responsabilidade social ou irão sobretudo privilegiar os seus negócios?
Esta semana, a Reuters revelou que a Meta, a dona do Facebook que também está no ramo da IA, publica 15 mil milhões de anúncios fraudulentos por dia. Sim, por dia. O número consta de relatórios internos consultados pela agência noticiosa. Os documentos revelam ainda que, durante três anos, a Meta não conseguiu identificar e impedir uma avalancha de anúncios que expuseram milhões de utilizadores do Facebook, Instagram e WhatsApp a esquemas fraudulentos de comércio eletrónico e investimento, casinos online e venda de produtos médicos ilegais.
Este exemplo legitima a desconfiança quanto à construção de uma IA segura, responsável e transparente, princípios repetidos pelos CEO das grandes tecnológicas. Mas é aqui que o discurso começa a colidir com a realidade. Ora, se nem conseguem ou não querem controlar os seus próprios sistemas, como podemos confiar nas ferramentas de inteligência artificial que nos entregam? Parece claro que os gigantes da IA continuam a operar sob lógicas puramente comerciais, em que cada clique é um produto e cada utilizador uma variável de lucro.
A tecnologia não precisa de ser mais inteligente, precisa de ser mais justa.

