A Estratégia de Desenvolvimento Regional "Algarve 2030" identifica a mobilidade como uma das maiores vulnerabilidades da região, sobretudo do ponto de vista da oferta. Assinala-se também a absoluta urgência que existe na prossecução do desenvolvimento nesse domínio.
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O Governo assinou, em 2021, o contrato de consignação da obra de eletrificação da linha ferroviária do Algarve, entre Faro e Vila Real de Santo António, que vai permitir uma redução de 10 a 25 minutos no tempo do percurso. Espera-se que esteja pronta até ao final deste ano e que, com a sua conclusão, os comboios de longo curso vão, finalmente, ligar Lisboa à cidade raiana algarvia.
Isso contribuirá para a transição de um sistema de combustíveis fósseis para uma mobilidade elétrica, o que vai viabilizar um transporte público muito mais eficiente. O Algarve merece e precisa que o desígnio da mobilidade se cumpra o quanto antes.
É preciso promover uma mobilidade sustentável, descarbonizar o setor dos transportes, fomentar a transferência modal e o funcionamento mais eficaz do transporte coletivo. Como é que isso se consegue?
Através da mobilidade elétrica, ativa e partilhada, da descarbonização do setor do transporte de mercadorias e do uso de combustíveis alternativos "limpos" e de base renovável. É esse o horizonte 2030 que vislumbramos: repleto de oportunidades concentradas nas fontes de energia renováveis e na eletrificação total da linha ferroviária do Algarve, privilegiando o transporte de mercadorias por via ferroviária.
Mas - e há sempre um mas - é preciso investir na urgência e na estratégia para aplicar os fundos disponíveis. Cabe ao Governo e às autarquias locais construir pontes de entendimento, que já foram iniciadas e podem dar os frutos que todos ambicionam.
O plano "Algarve 2030" promete contemplar uma solução para a tão ambicionada ligação ferroviária entre o Algarve e a Andaluzia. Criar um corredor ferroviário atlântico - que pode vir a ser o elo de ligação entre os eixos do Atlântico e do Mediterrâneo - será a concretização de um sonho antigo para os algarvios e uma medida de grande importância para Portugal.
Quando se fala em coesão territorial, importa também fomentar políticas de mobilidade progressistas, a pensar na inclusão das pessoas e dos territórios. Em pleno século XXI, não se admite que continuemos a marcar passo, com tão pouca terra e tanta urgência por concretizar.
*Presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António e vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses