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As prateleiras têm vida própria. Ou melhor, aquilo que pomos nas prateleiras tem vida própria. A arrumação, seja nos armários da cozinha, na despensa ou em qualquer outro compartimento dura, no máximo, um dia. Sejamos sérios: dura até lá irmos mexer pela primeira vez. A partir do momento em que organização original é desvirtuada não mais as prateleiras voltam a conhecer harmonia. Mesmo sem lá irmos, as prateleiras desarrumam-se sozinhas, como que movidas por uma rave de geração espontânea. Com o tempo, tudo vai-se amontoando até que a retirada do mais pequeno objeto provoca um desmoronamento. Muitas vezes, é nesses desabamentos que aparecem raridades que já não víamos há muito tempo, por estarem (e bem) no fundo da prateleira. Mas eu hoje não queria falar de Pedro Passos Coelho.

