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Miguel Esteves Cardoso é genial. Um cronista que marcou várias gerações de escritores, músicos, jornalistas, publicitários e cronistas. A maneira como manipula as palavras, como as orienta, seduz e escraviza ao seu talento é fulgurante e inimitável. Não consigo encontrar nenhum escritor vivo que tenha publicado tanto e tão certeiramente sobre Portugal e os portugueses, sobre nós nas nossas pequenas misérias, mas também nos nossos acessos de fulgor e encantadora megalomania. Merece prémios, distinções e bombos de festa em homenagens em vida - não sei se ele as aceita, é uma outra história.
Nunca o conheci e nunca o quis conhecer. Prefiro que o MEC que existe seja o meu, não o real. Não quero saber se é extravagante, arrogante, petulante ou irritante. É-me absolutamente indiferente, mas deixaria de o ser se o conhecesse e isso fosse verdade. Aí já não conseguiria lê-lo da mesma maneira, prefiro não arriscar. Não julguem que esta é uma crítica velada, não faço ideia se é um canalha ou uma maravilhosa pessoa no exterior das palavras a que dá vida. Estou convencido de que gostaríamos um do outro. Como não gostar de alguém que fala do amor como ele fala? Que escreve sobre a sua Maria João da maneira como escreve? Como não gostar de alguém que faz sempre uma exigência quando o convidam para festivais literários, conferências ou happenings. Sabem o que exige? Que o seu amor tem de estar sentado num lugar em que ele a veja. Não preciso de saber mais.