Prémio "Quero acabar com os ricos" - Francisco Louçã. Percebe-se que, mais do que acabar com os pobres, gostaria de acabar com os ricos. Em especial Américo Amorim. Não contente com a proposta de nacionalizar a EDP e a Galp, sugere uma regra de fixação de preço (comprar ao preço a que foi privatizada) que só pode ter esse propósito (as acções da Galp continuam muita acima do valor a que foram à praça). Fica por saber a que preço seriam pagas as acções adquiridas, em mercado, depois das privatizações. Dada a queda das cotações no último ano, Louçã terá muito mais adeptos para a sua proposta do que se poderia esperar, a começar por accionistas da EDP...
Corpo do artigo
Prémio E pluribus unum - José Sócrates. Como benfiquista, este prémio fica-lhe bem. Sabe-se hoje que o lema quer dizer "de muitos, um" ou "um, entre muitos". Ele. O que mais fez, no seu modesto entender. O que mais prometeu (e menos fez), na perspectiva dos seus adversários. Por unanimidade.
Prémio "Viva a gripe!" - Manuela Ferreira Leite. A oportuna gripe deu-lhe um excelente álibi para continuar calada e, sobretudo, não ir ao Chão da Lagoa. Antecipam-se algumas recaídas para os tempos mais próximos.
Prémio "Literalmente" - Unidade Técnica de Apoio Orçamental. Fica a dúvida sobre qual a sua designação quando, e se, passar a ter mais de um economista nos seus quadros.
Prémio "Dupond e Dupont" - Paulo e Miguel Portas. "É necessário apoiar as PME", diz um. "Eu diria mesmo mais, é preciso apoiar as PME", diz o outro. Onde está PME, pode estar pensionistas, desempregados, jovens.
Prémio "Vira casacas" - Empresários portugueses. Consta que apenas um foi visto na conferência de Sócrates sobre o futuro do país, promovida pelo Diário Económico. Vamos a ver quantos aparecem, esta semana, quando for a vez de Manuela Ferreira Leite (se é que a gripe não se prolonga). Este prémio esteve para não ser atribuído. Vários membros do júri defendiam que só podia ser obra do acaso que teria determinado uma incompatibilidade de agenda. Na verdade, como reiterado esta semana pelo Compromisso Portugal, os empresários portugueses têm como primeira prioridade evitar a promiscuidade com o poder político. E como segunda, pedir que o Estado circunscreva a sua actividade ao mínimo para que possam, finalmente, libertar todo o seu poder criador. Não era só por lhes cheirar a mudança que deixariam de estar presentes.
Prémio "Samba de uma nota só" - PCP. Sempre a mesma música e ninguém desafina.
Prémio "Inimputável?" - João Cordeiro. O mais difícil de atribuir, tantos eram os concorrentes. A "short list" incluía, ainda, João Jardim e Francisco Louçã. Uma ponta final arrasadora, em que insultou o primeiro-ministro de tarde para reconhecer que se enganara à noite (nunca pedindo desculpa) e atribuiu a cegueira dos doentes do Santa Maria a medicamentos distribuídos por uma farmácia que não era da sua cor, deu a Cordeiro a vitória. Consta que o PND o vai convidar para encabeçar a lista pela Madeira. Adivinham-se duelos excitantes com Jardim.
Prémio "Olha para o que eu digo" - Associação Nacional das PME. Denunciou, num estudo financiado pela Comissão Europeia, a má aplicação dos fundos europeus. Com a proliferação de associações que dependem deles...