Corpo do artigo
As razões que levaram Marques Mendes a antecipar a sua eventual disponibilidade para se candidatar a Belém são óbvias e compreensíveis, apesar de publicamente ter dito por várias vezes que este não era ainda o tempo para se pronunciar. A ida à festa do PSD no Pontal, o que não acontecia há 16 anos, foi o sinal.
O militante social-democrata, comentador e ex-líder do partido, tem ganhos e perdas, ficando estas mais no domínio da apreciação que a bolha mediática for fazendo.
Sendo o primeiro a assumir (Santana Lopes quase o fez uns dias antes), clarifica posições, marca a iniciativa e a agenda e será ele a definir quando, se e o que deverá dizer ao longo do próximo ano e meio. Quem vier a seguir vai contra ele.
Mas o maior ganho é o do PSD, da Direita moderada e, em certa medida, do atual presidente da República, que consegue folga temporal para comentar os seus comentadores e sucessores, num exercício de tricô que só ele sabe fazer.
Luís Montenegro também capitaliza com um partido que se mobiliza em várias frentes, depois de ter marcado a agenda com a proposta sobre os impostos. Mostra que está vivo.
A grande questão coloca-se no PS em relação às eleições presidenciais, quando o ciclo governativo aparenta um lento definhar. Escasseiam vozes que posicionem eventuais candidatos, com exceção de Augusto Santos Silva, que, não se colocando de fora, também nunca o assumiu. E nomes como o do governador do Banco de Portugal são, por agora, mais desejos do que realidade.
O que parece é que o Partido Socialista não aprendeu nada com as eleições presidenciais pós-Jorge Sampaio, sinalizando uma desvalorização que não se compadece com a relevância institucional e política do cargo.