Restam poucas dúvidas de que nas presidenciais haverá recorde de abstenção, por várias razões: Marcelo tem a vitória assegurada (embora arrisque uma segunda volta); a pandemia não vai dar tréguas durante muito tempo; mantém-se a convicção nacional de que a Presidência da República é uma instituição com pouca relevância prática; e não esqueçamos o principal fator, que é esta pobre coleção de candidatos, incapaz de entusiasmar para além dos mais fervorosos apoiantes.
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Acontece que este cocktail de fatores adversos não é apenas uma tragédia para a democracia - as eleições deviam ser o mais excitante momento da vida coletiva e nunca o cumprir de uma rotina enfadonha -, como abre terreno fértil para os oportunistas plantarem a sua semente daninha.
Arrisco uma previsão que pagaria para falhar: os resultados eleitorais da extrema-direita vão deixar muitos boquiabertos e estas presidenciais vão cimentar o lugar de Ventura como figura essencial para o PSD voltar ao poder. Rio abriu a porta, a desinformação mentirosa meteu o pé e os apoiantes vão escancará-la. Não há apoiantes mais fervorosos do que os grupos unidos pela ignorância e vontade de protesto. E eles são mais do que julgamos.
Jornalista