Vários bispos portugueses já pediram perdão às vítimas de abuso e comprometeram-se a tudo fazerem para que não se repitam. Não precisam de o dizer, mas é claro que não cederão mais à tentação de encobrir casos desses.
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A vigilância apertada que o Papa Francisco está a promover e a impor evita, finalmente, esse tipo de comportamentos.
Agora é tempo de virar a página. Mas o novo tempo só começará quando a Igreja retirar consequências deste escândalo que a assolou. A primeira deverá ser um novo cuidado com o recrutamento, formação e acompanhamento dos seus padres.
Devido à falta de clero, e para garantir ordenações, fecharam-se os olhos à deficiente formação humana e espiritual de muitos candidatos. Algumas dioceses tornaram-se até conhecidas por acolher os seminaristas rejeitados e expulsos por outros seminários.
Os seminários têm de investir na formação de homens adultos, equilibrados e resolvidos. Não podem continuar a ignorar o contributo de ciências como a psicologia. Esta ciência fornece ferramentas relevantes para o crescimento e amadurecimento da personalidade humana. Todavia, para além desse contributo e da consequente implementação de programas de formação, exige-se que os formadores sejam, também eles, adultos e resolvidos.
Depois de ordenado, um padre diocesano tem de continuar a ser acompanhado. E deve ser cuidada a sua formação permanente, em toda a sua vida. Não lhe pode ser permitido viver à margem da dinâmica e disciplina diocesana. É esse afastamento que conduz não só a abusos sexuais, mas a tantos outros abusos, como, por exemplo, fazer o que se quer com o dinheiro que se administra. O Direito Canónico, a lei da Igreja, determina o contrário!
Estas exigências poderão agravar, ainda mais, a falta de clero. Mas contribuirão decisivamente para formar melhores padres e prevenir abusos.
*Padre