Corpo do artigo
É um clássico para quem tem a sorte de poder viajar. Depois de uns dias de austera greve de notícias autoimposta, sentir-se pretensiosamente um pouco acima de todos os problemas que vão assolando o país e o Mundo, como se esses dias que nos lavam a alma nos tivessem levado também para um outro patamar, mais limpo e mais alto. Julgamo-nos os únicos aptos a ver tudo noutra perspetiva, que reduz a insignificâncias as crises que foram nascendo entretanto. Ora isto significa que não me sinto capaz para perceber, na sua real dimensão, o que aconteceu esta semana: é mesmo verdade que a Direita defendeu que o Estado devia continuar a financiar a atividade de empresas privadas? Aconteceu mesmo que António Costa, depois da gasolina ter subido seis cêntimos por litro, anunciou em entrevista uma descida do preço de combustíveis que afinal era de um (1!!!) cêntimo? E o PSD falou sem se rir em "falta de respeito para com os contribuintes?" Uma presidente que não está indiciada por nenhum crime nem acusada de nada teve de abandonar a presidência? O Renato Sanches vai realmente ser o jogador mais caro de sempre do futebol português? Enfim, já não dá para continuar a enganar-me. O mundo, hélas, continua tão previsível como sempre e mais estranho do que nunca.