A escalada das taxas de juro (onde é que já vimos antes isso?) da dívida italiana, que torna iminente o risco de a Itália, terceira maior economia da zona euro, ser o senhor que se segue na crise do euro - que se revela, afinal, sistémica - pôs ontem os comandantes do Titanic europeu a correr de um lado para o outro como baratas tontas.
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Recorde-se que ainda há pouco um deles, o ministro alemão das Finanças, propunha que Alemanha, Holanda, Áustria e Luxemburgo abandonassem o barco do euro, pondo-se a salvo (eles e os seus bancos) e deixando mulheres, crianças e países periféricos entregues à sua sorte.
Enquanto Juncker, Barroso, Trichet e Oli Rehn se reuniam à pressa e à porta fechada, a comissária da Justiça reclamava o desmantelamento de Moddy's, Standard & Poor's e Fitch, o dos Mercados Financeiros sugeria que fossem proibidas de avaliar países com "ajuda" internacional e a inquietante e omnipresente Sra. Merkel mostrava-se "convencida" de que a Itália iria adoptar um plano de austeridade (onde é que também já lhe ouvimos isso?).
Ocorre-me, correcto e aumentado, o famoso sermão do pastor Martin Niemoller: "Primeiro teve que ser 'ajudada' a Grécia,/ mas não nos preocupámos (até aproveitámos) pois não somos gregos. /Depois a Irlanda, /mas não nos preocupámos pois não somos irlandeses./ Depois Portugal, /mas não nos preocupámos pois não somos portugueses. /Agora estão a chegar à nossa porta..."