O abuso sexual de menores é condenável em qualquer circunstância, mas é muito mais grave quando ocorre no interior da Igreja Católica. E é gravíssimo quando é cometido pelo Clero. O crime torna-se ainda mais hediondo com a tentativa de o abafar, pois isso configura uma total falta de respeito pelas vítimas.
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Felizmente, a Igreja está a abandonar esses procedimentos. E definiu regras claras para prevenir a continuação desses comportamentos, impondo a comunicação às autoridades civis dos casos de eventuais abusos. Tal deve ocorrer mesmo em países em que a lei não o imponha, como é o caso de Portugal.
Estão, pois, criadas condições para que os encobrimentos típicos do passado não se repitam. Mas é também necessário que as vítimas se sintam acolhidas e apoiadas a apresentar as suas denúncias. E que sejam acompanhadas e ajudadas a sanar as feridas provocadas pelos abusadores. Só assim a Igreja estará a ser fiel aos ensinamentos de Jesus, que os testemunhou na atenção e dedicação aos mais frágeis.
Dito isto, que é o principal, acrescentem-se dois pontos: todos têm o direito a ser presumidos inocentes até serem julgados com justiça; e não é correto avaliar as atuações dos bispos décadas atrás com os critérios de hoje e acusá-los levianamente de encobrimento.
Os média têm feito um trabalho louvável, mas isso não os isenta da obrigação de fazerem o seu trabalho com rigor e profundidade até ao fim.
Não se pode acusar um bispo - como aconteceu com o de Vila Real, D. António de Azevedo - de encobrimento por não ter comunicado à Polícia Judiciária, quando se veio a provar que o fez a outras instâncias judiciais. E não se deve embarcar na histeria de catalogar tudo como ocultação, como aconteceu com o bispo emérito de Setúbal, D. Gilberto, que fez tudo o que era devido na época em que lhe chegaram as denúncias.
*Padre