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Ficamos todos surpreendidos nos últimos dias quando mais uma "megaoperação" arrancou no nosso país, desta feita para enfrentar os todos poderosos senhores da Altice. Foi um choque. Tantas vezes nos é dito que devemos deixar a gestão de empresas ao privado. Que o privado é que é bom. Que a gestão pública é corrupta, ineficaz, incompetente, lenta e todos os outros adjetivos pejorativos constantes do dicionário. E afinal, suspeita-se que terá sido criado um saco azul para pagar despesas pessoais, existindo indícios de corrupção no setor privado, fraude fiscal, branqueamento e falsificação. A empresa e o Estado terão sido lesados em milhões de euros. Estou completamente em choque.
Mais chocante é perceber que quando se trata de ricos e poderosos a Justiça se encolhe, com medo de os melindrar. Lá vão os senhores ficar em prisão domiciliária, nos seus pequenos casebres de luxo, e para não deixar marcas na perna durante as sessões de banhos de sol, nem precisam de pulseira eletrónica. Ainda há uns dias, um homem de 19 anos ficou em preventiva por ter burlado ourivesarias em 20 mil euros. Mais valia ter feito um desfalque de milhões, que talvez ainda andasse em liberdade.