Corpo do artigo
Eu procrastinador me confesso. Há sempre forma de adiar para as calendas o que poderia ter feito em dois minutos hoje, sem qualquer esforço. Mas há uma força maior do que o mundo que me impele a deixar andar um pouco mais e a pensar: “amanhã faço”. Mas serve esta introspeção confessada para que objetivo? Para agora me justificar, atirando as culpas para outros. É que não me parece possível ser de outra forma, quando se nasce em Portugal, onde até uma música faz uma pequena ode ao deixar p’ra amanhã.
O cúmulo da procrastinação, no entanto, atinge-se na política. Andava a passear num parque municipal pelo Grande Porto, quando me deparo com uma placa que dizia algo como “Cuidado. Piso irregular”, ao lado de um caminho com pedras desalinhadas e uma abaixo e outra acima. Lembrei-me ainda de uma placa que por vezes se encontra por aí com os dizeres “Piso degradado”. Aqui estamos na Liga dos Campeões da procrastinação, no “hall of fame” do deixa para depois, porque alguém preferiu criar uma placa nova e pagar a alguém para a instalar, em vez de simplesmente reparar o piso. Aplaudo de pé.