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Ser professor do ensino público deve ser das profissões mais difíceis e nobres em Portugal. Pegar num conjunto muito heterogéneo de crianças e conseguir dar-lhes conhecimento, mas também uma base mínima de cidadania. Mas deve ser difícil encontrar profissão tão maltratada pelo Estado. A minha mãe é professora há muitos anos e já tem a vida estabilizada, mas durante muito tempo bem me recordo do sofrimento que era ir até ao Sindicato dos Professores do Norte esperar que afixassem as malditas folhas que ditavam o destino do ano letivo seguinte, caso houvesse colocação: os 100 km diários até Baião, quando ainda não havia autoestrada, ou aquele ano a conduzir até Guimarães. Aparentemente, pouco mudou desde esses anos. Não sei se a greve atual é legal ou eficaz, mas a classe tem mais do que motivos para estar zangada.
*Jornalista