Para os pais que passaram estas últimas longas semanas a lidar em simultâneo com o teletrabalho, a escola à distância e o rápido esboroar do ânimo e saúde mental de toda a família, talvez a única ligação a solo firme tenha sido - para nos ir salvando da incerteza que nos minou os dias -, um bom professor.
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Não parece particularmente entusiasmante, entregarmos a esperança da normalidade a essa voz metalizada que emergia do caos gerado por computador. Mas só para quem não sente por dentro o calafrio irreprimível provocado por uma criança desesperada sem saber que o está, ou por um filho que sabe estar desesperado sem perceber porquê.
A professora Cátia, serena e constante, conseguiu construir um chão que nos foi sossegando, mesmo que começasse do zero todos os dias para conter o tumulto crescente dos miúdos, com paciência e firmeza, e para tornar a ansiedade dos pais mais tolerável.
Ser professor nestas circunstâncias é ser funambulista com fio por esticar, mantendo os ombros indiferentes ao peso da sanidade obrigatória. Assim foi Cátia, a professora que nunca cedeu, mesmo quando tudo parecia estar a ruir.
Jornalista