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Os professores de um agrupamento de escolas em Famalicão foram intimados a deixar de usar telemóveis. Para a Direção, todos têm de dar o exemplo - se os miúdos não podem, então ninguém pode. Uma medida que tenta ser salomónica, mas que é mais um prego no caixão de uma classe que não pára de ser enxovalhada. Já não tem a ver só com o dinheiro, tem a ver com a falta de delicadeza, com a brutal ausência de respeito pelos que têm a responsabilidade de regar o futuro. O agrupamento de Famalicão achou por bem dar o pontapé de saída, ficar para a história como o precursor de uma decisão que significará, nas suas cabecinhas, uma purificação do sistema, do género estamos todos juntos nesta Nau Catrineta. O que mais será pedido aos professores? Que sejam açoitados se chamarem um aluno à razão? Que o Estado lhes corte o acesso à Internet se tiverem o azar de ter febre? Que os despeçam se forem vistos a falar alto na sala de professores ou se formarem grupos de mais de três no recreio à vista dos alunos? De serem obrigados a trabalho extra a limpar retretes se insistirem em pensar pela própria cabeça? De serem compulsivamente internados se fumarem ou beberem um copo de tinta ao almoço? O que está a acontecer é paradigmático de um vento que sopra forte. Ao contrário do que se tem dito, não é ideológico, é somente estúpido. Os professores têm mesmo de começar a ser tratados com respeito. Os professores têm mesmo de estar acima dos alunos. Isto será tão difícil de entender?