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Os EUA e a União Europeia (UE) lembraram-se de travar a torrente de carros chineses a preços cada vez mais acessíveis, impondo impostos aduaneiros agravados. No caso dos norte-americanos, as taxas são de 100%, enquanto que no Velho Continente há propostas de impor tarifas diferenciadas de acordo com o construtor.
O cidadão perguntará, com toda a justeza, qual é o interesse para o público europeu de toda esta discussão em torno de políticas comerciais. A resposta é simples: tudo está a ser feito para proteger as indústrias automóveis dentro da UE em detrimento do consumidor, que pagará mais por um veículo não poluidor, e do ambiente, que ficará mais penalizado.
A história do protecionismo ensina-nos que, salvo exceções, quem sai a perder é o consumidor final. Em teoria, no médio e longo prazos, a proteção das empresas da concorrência (mais ou menos leal) pode contribuir para o crescimento económico e para a manutenção de empregos, mas no curto prazo o povo é que paga.
No início dos anos oitenta, algo semelhante aconteceu nos EUA. Os carros japoneses eram muito mais baratos do que os de fabrico nacional. Sob forte pressão dos norte-americanos, o Japão aceitou um programa de restrição à exportação para o Tio Sam. Resultado final: os veículos japoneses ficaram 14% mais caros comparativamente aos americanos. A indústria automóvel dos EUA prosperou, mas o consumidor final saiu prejudicado.
A associação da indústria automóvel alemã e o Governo de Olaf Scholz estão contra as tarifas da UE sobre carros elétricos chineses. Porquê? Talvez tenham uma visão mais justa para o consumidor e saibam que os seus carros elétricos só são aparentemente alemães. Bastará abrir alguns capôs.