Há 19 meses, o PSD e CDS venceram as eleições legislativas mas não viabilizaram o seu Governo. Vingou o acordo da "geringonça" e o Executivo do PS. A minha preocupação, de momento, não está tanto em apontar os méritos ou defeitos do desempenho da equipa António Costa. A questão mais dramática, para o futuro político do país, é a dificuldade que o PSD encontra para mobilizar as pessoas e voltar a fazer política.
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Ponto prévio: fui, enquanto independente, membro da comissão política nacional da coligação PSD/CDS que foi a votos em outubro de 2015. Entendia e continuo a entender que as suas propostas eram as que melhor defendiam os interesses nacionais. Sucede que, perante os factos e com um governo legitimamente em funções, com uma estabilidade surpreendente até para os seus apoiantes, é importante saber virar a página e conseguir passar à frente.
Desde "politicamente morto" a "cata-vento". Nada de especialmente simpático tem sido dito e escrito acerca de Pedro Passos Coelho. Recuso-me a alimentar o coro da crítica fácil, com uma primeira linha aliás composta por antigos "incondicionais". É um espetáculo que me incomoda.
A questão é que o PSD está hoje aflitivamente estático, perigosamente distante e politicamente desinteressante. Passos Coelho terá o seu lugar na História por ter conseguido salvar Portugal dos desvarios de Sócrates e por recuperar as finanças públicas da bancarrota. É impossível não reconhecer o seu desempenho num quadro tão sombrio e tão penoso.
Mas Passos Coelho parece apenas preocupado em garantir que a história é bem contada. Sobre a recente descida do desemprego abaixo dos 10%, afirma que desceu mais no seu Governo. A propósito do crescimento económico, assegura que no mandato anterior ele foi superior ao que atualmente se regista. A verdade é que este tipo de mensagem não diz rigorosamente nada ao comum dos mortais. Não mobiliza. Não entusiasma. É passado, não é alternativa.
É certo que Passos ocupa a função mais ingrata da política nacional, a de líder da Oposição. É a mesma que tão bem desempenhou até 2011. Até por isso seria de esperar mais. Nomeadamente que fizesse política, que apresentasse propostas e que que conseguisse marcar alguns pontos na agenda. O que já se conhece das escolhas para as autárquicas (no Porto, por exemplo), remete para um PSD virado para dentro, sem mensagem social relevante. Para Portugal, era bastante importante que o PSD percebesse que está na altura de mudar. Não de liderança. De política.
EMPRESÁRIO E PRES. ASS. COMERCIAL DO PORTO