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A incursão de drones russos em território de países da NATO reforça a necessidade de a Europa apostar na indústria militar, por muito que nos custe. Com os dois motores da União engasgados - as finanças de França e Alemanha vivem dias de desconfiança -, o dinheiro não abunda, ou estará mal distribuído, e os orçamentos do Velho Continente estão estrangulados. Sem capacidade para investir em massa, o recurso mais óbvio para rearmar exércitos será comprar ao maior produtor de armas do Mundo, os Estados Unidos. Talvez isso explique a reação condescendente de Donald Trump quando confrontado com a violação do espaço aéreo da Polónia. Depois de ter aplicado taxas exorbitantes aos produtos que a Europa exporta para os EUA, o aliado norte-americano percebe que está perante uma oportunidade de voltar a faturar à custa dos países amigos. As violações das convenções internacionais protagonizadas pelo regime de Vladimir Putin funcionam como um acelerador de receitas para a economia norte-americana e os países europeus têm o destino traçado, porque é imperioso preservar e reforçar a segurança das fronteiras. Trump continuará a disparar críticas ao agressor, de fugida à saída de um qualquer avião, mas a realidade demonstra que tem no czar um bom aliado, com força para obrigar os países da NATO a abrirem os cordões à bolsa. A política externa aparentemente errática dos EUA pode, afinal, ter um objetivo bem definido, o de saquear as finanças dos países que ao longo das últimas oito décadas desenvolveram, em conjunto com os norte-americanos, um tempo de longa e próspera paz. As cenas dos próximos capítulos não auguram nada de bom.