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Este mês tem sido, no plano político, passado de uma forma pachorrenta. Não fossem alguns episódios mediáticos e todos acharíamos que a época de banhos estava a ser perfeita. Tudo assim corria até que se começou a discutir a questão das eleições antecipadas. Aí começou a desorientação. Quem, como eu, considera que a direcção política na área da justiça está a falhar; que a modificação do sistema de ensino não pode começar pelo telhado; e que as forças para combate a fogos deveriam ser reforçadas, defende que este Governo não está à altura dos desafios que devem ser resolvidos todos os meses. Por isso mesmo, considero a necessidade da construção de uma alternativa. Ao ouvir Pedro Passos Coelho, por quem tenho grande estima, defender que se o PS continuar a fazer de conta que não é Governo ou a ser um Governo de gestão "é melhor que enquanto o Presidente da República tem os seus poderes intactos que devolva a palavra aos portugueses", fico inquieto.
Uma alternativa de Governo pressupõe coragem, ideias diferentes e solidez para o futuro. Coragem de assumir a ruptura, não atirando para outros responsabilidades que são nossas. As palavras do líder do PSD apenas poderiam ter como consequência a apresentação de uma moção de censura e nunca um pedido ao Presidente da República, que já disse não assumir decisões que devem ser tomadas no Parlamento. Ideias diferentes que não são compatíveis com a aprovação do PEC que determinou o aumento de impostos e a estagnação para a nossa economia. Solidez para o futuro que deveria ser construída já na oposição a pensar num executivo diferente. Infelizmente nada disso se ouviu, para já, no Calçadão da Quarteira, mas também a esperança é a última coisa a morrer.