<p>A sul da Ásia Central, encravados entre o Mar Cáspio, a China, o Golfo Pérsico e a Índia, há quatro estados onde tem pairado a morte. O Iraque, o Irão, o Afeganistão e o Paquistão são, obviamente, diferentes. O segundo é uma velha nação, com um regime político relativamente recente. O primeiro descende da velha civilização babilónica, e foi sendo ocupado por vários impérios, até ao fim da Segunda Guerra. O terceiro e o quarto são fruto da repartição colonial e neocolonial.</p>
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Possuem também problemas diversos.
O Iraque viveu golpes de estado bárbaros, a tirania genocida de Saddam, três guerras internacionais, a ocupação americana, uma revolução xiita e curda, insurgência e guerrilha, um princípio de guerra civil, terrorismo generalizado e o actual clima de instabilidade, que não se despega do corpo colectivo.
O Irão foi alvo da agressão saddamista, que debilitou um estado já abalado pela revolução, e tem sido palco de ataques terroristas, lançados pelos restos dos "Mujaheddin Khalk" (também antes patrocinados por Bagdade), ou de confrontos com grupos irredentistas sunitas, ou de denominação tribal-regional, de tajiques a elementos do Baluquistão, de neo-talibãs a turcomanos, de curdos a meros narcotraficantes.
Quanto ao Afeganistão, tentou já todos os regimes políticos, mas continua num estado grave de insolvência política, com poucos oficiais capazes para os seus soldados, com dificuldades na formação de um exército nacional credível, com ambiguidades várias, face ao poder local, aos interesses dos plantadores e negociantes de ópio, etc..
O Paquistão é outro mundo. Militarizado por temor da poderosa Índia, viveu os dramas da Guerra Fria como combatente da primeira linha, e possui dois problemas maiores: no território plenamente controlado por Islamabad, enfrentam-se os adeptos de um poder constitucional estável, e os fanáticos do estado "integral". Nas zonas de administração tribal, albergam-se muitos exércitos subversivos, prontos a matar e a morrer, nos dois lados da fronteira, e a exportar a "boa nova" sangrenta por todo o Mundo.
Este rectângulo explosivo é hoje o centro geoestratégico do Mundo, até porque confina fisicamente, ou em fronteira de segurança, com cinco grandes: a China, a Rússia, os EUA, a UE e a Índia.
Tudo se decidirá aqui, nos próximos anos. Ao pé do quadrilátero sangrento, o pequeno Médio Oriente é um sossego.
P.S.: O DCIAP e a PJ continuam uma tarefa aturada de investigação e repressão do chamado "crime de colarinho branco". Nas práticas suspeitas, temos o cardápio habitual: corrupção (activa e passiva), branqueamento de capitais, participação económica em negócio (geralmente ilícito), falsificação de documentos contabilísticos, e um largo rol de subtipos.
A suspeita de "redes" de favores dentro da administração estatal - directa ou indirecta- e lesão do interesse público, pela divulgação de informação confidencial a concorrentes, ou pelo benefício indevido a interesses privados, mostra várias coisas. Começa por demonstrar a necessidade de crucial de manter, e melhorar, na PJ, as estruturas e competências de uma verdadeira polícia económic-financeira. Prossegue pela prova de que o MP necessita de braços técnicos que asseguem a entrada, nos tribunais, de processos suficientemente organizados, instruídos, provados e claros. Acaba por mostrar que, infelizmente, há "empresários" para os quais os fins justificam os meios, e "servidores públicos" que se servem, antes de mais, a si mesmos.