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Quase um mês depois do Portugal Football Summit, importa recordar a cimeira e apontar as matérias que mais reflexão geraram ao longo de quatro dias de discussão. Os quadros competitivos foram debatidos em vários painéis, e sob diversos pontos de vista. Numa das intervenções mais vistas no Summit, Giorgio Marchetti, secretário-geral-adjunto da UEFA, fez um balanço sobre as alterações implementadas na UEFA à Liga dos Campeões.
O dirigente contou que o novo formato, estreado em 2024-25, foi pensado em 2018, depois de registado desinteresse do público na prova. Segundo a UEFA, o interesse aumentou, assim como o número de países representados e receitas geradas, com consequente redistribuição de valores. A um mercado competitivo com outras atrativas propostas de entretenimento, a UEFA respondeu com novo formato, contra a cristalização da prova.
Se este novo modelo adicionou novidade, com boa aceitação por parte de adeptos e parceiros comerciais, também é um facto que colocou pressão num calendário congestionado, hoje com provas alargadas de clubes e seleções. O aumento de receitas na UEFA, ligado ao ranking por país, obriga a um cuidado redobrado, uma vez que impacta na sustentabilidade dos clubes e em todo o ecossistema do futebol português.
Os representantes europeus encontram, em regulamento, a obrigatoriedade de 72 horas de intervalo antes dos jogos da UEFA, assim como condicionantes de sorteio antes do início da temporada. Medidas de defesa do ranking UEFA, mas que não invalidam uma discussão premente sobre os quadros competitivos, sob pena do futebol português perder competitividade europeia.
A congestão do calendário internacional, a defesa da integridade física dos jogadores e a mudança de hábitos de consumo, com o futebol a competir com outras atividades de entretenimento, colocam desafios à indústria, designadamente às ligas domésticas, que obrigam a uma proposta de quadro competitivo que promova a competitividade para todas as equipas, interessante para os adeptos e atrativa do ponto de vista financeiro para os parceiros. Uma discussão que urge realizar e para a qual a Federação Portuguesa de Futebol está disponível, tal como assinalado no programa da Direção de Pedro Proença.

