Quanto custa 1 m2 de rio Douro?

Não há estratégia para o rio e suas margens na AMP, perdida entre estudo de há cerca de 10 anos e uma proposta de Parque Metropolitano do Douro, com cerca de 15 anos. Surge agora uma proposta pontual e circunstancial, onde se esquecem outros usos do Douro, como desportivos e piscatórios, bem como os problemas de erosão das margens e o património natural e cultural do contexto.

São apontados como seus grandes objetivos: (1) dar resposta à procura da navegação de passageiros e (2) substituir o cais de Gaia, enquanto (3) a escolha do lugar é explicada por razões de ordem prática.

Examinamos estes aspetos e respondemos de forma mais desenvolvida em outro lugar. Aqui, deixamos à reflexão de todos - e em particular às entidades envolvidas - questões muito simples e diretas, a propósito destes objetivos e das conclusões que resultam da leitura atenta do relatório disponibilização pela APA na Avaliação de Impacto Ambiental.

1. São precisos mais navios-hotel no Douro? Porquê? Até quantos? Quais as vantagens e desvantagens do seu aumento? Quem beneficia? Foi equacionada a possibilidade de existirem paragens por um tempo máximo nos cais, evitando-se presença prolongada e, talvez, a construção de mais um cais?

2. Se a oferta aumenta, como pode a mera substituição de um cais responder-lhe? Afinal não há já mais barcos no cais de Gaia que os quatro lugares a criar? (Aconselha-se contagem dos barcos acostados durante a noite).

3. A escolha do lugar não tem qualquer suporte de natureza estratégica à escala do rio Douro e do ordenamento do território. O que se pretende para o Douro? Quais os lugares alternativos para terminal de passageiros e "estacionamento" de embarcações considerados? E porquê um aterro e um edifício para os barcos de alguns em cima do rio que é de todos?

Afinal para que serve/a quem serve este terminal?

Quanto custa 1 m2 de rio Douro?

*Geógrafo e Arquiteta paisagista