Esta semana, pela primeira vez desde que há estatísticas, Lisboa ultrapassou Miami e tornou-se o lugar com mais eleitores brasileiros no exterior.
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O mais importante é compreender que o atual fluxo migratório para Portugal já não é só uma medida estatística, é uma realidade mental. Ir morar em Portugal deixou de ser um sonho e é hoje uma opção natural.
Se o número total de eleitores brasileiros em Portugal (80 866) estivesse reunido em apenas um município, esse município seria o 28º maior colégio eleitoral português entre os 308 que compõem a totalidade do seu território.
Há mais votantes brasileiros em Portugal do que votantes portugueses em municípios tão importantes como Aveiro, Santarém, Castelo Branco, Évora, Bragança, Beja e Portalegre, cidades capitais de distrito e que representam mais da metade do território do país ibérico.
Na proporção seria, como se em capitais como João Pessoa, Cuiabá, Aracaju, Porto Velho ou Florianópolis, apenas existissem portugueses. Algo difícil de imaginar.
Mas sendo incompreensível aos nossos olhos, essa é a realidade para a qual os lusitanos têm de se preparar com o número crescente de brasileiros que todos os dias aterram em Lisboa e no Porto.
Tomando como certo o previsível crescimento desse número, espelhado nas recentes medidas das autoridades portuguesas para atrair cidadãos brasileiros, podemos esperar uma presença ainda maior em terras lusas.
Se esse crescimento for apenas aritmético, levando em consideração que em relação ao pleito de 2018 o número de brasileiros registados para votar em Portugal aumentou 113,6%, estamos a antever uma verdadeira mudança de estrutura demográfica portuguesa.
Para não perder a sua atratividade como país-destino, Portugal precisa de entender as suas novas responsabilidades e preparar-se para elas.
Presidente da Associação Portugal Brasil 200 anos