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Beatriz Talegón é uma jovem socialista espanhola que conquistou a celebridade efémera das redes sociais por causa de um discurso em Cascais. Beatriz subiu ao palanque da Internacional Socialista e desancou na ilustre e engravatada audiência. Disso se fez um vídeo, rapidamente alojado no Youtube e logo partilhado de forma massiva. Os ouvintes menos exigentes fixaram-se, sobretudo, na certeira referência ao hotel de cinco estrelas de Cascais e aos carros de luxo em que chegaram os "socialistas". Mas, quanto a mim, a parte mais importante do discurso de Beatriz foi outra. Foi a parte em que a jovem espanhola lembrou àqueles "socialistas", alojados num hotel de luxo, que chegaram em carros de luxo, que o objetivo de um bom socialista é que ninguém seja tão rico que seja capaz de pôr outro ser humano de joelhos, e garantir que nenhum ser humano seja tão pobre que tenha de se pôr de joelhos perante os outros. Isto foi o que disse Beatriz.
Mas ao que disse Beatriz podemos acrescentar uma nuance. Evitar que alguém tenha de se pôr de joelhos deveria ser o objetivo de qualquer política e de qualquer político. Apelide-se ele de socialista, comunista, democrata-cristão ou social-democrata. Desgraçadamente para os portugueses, não é esse o objetivo de quem nos governa por estes dias. Ao que assistimos, muito recentemente, foi de novo ao êxtase dos nossos "sociais-democratas" e dos nossos "democratas-cristãos" pelo reconhecimento dos mercados à sua política de obediência, ou seja, ao êxtase pela gratificação dos poderosos que têm a capacidade de fazer ajoelhar os outros seres humanos. O resultado dessa subversão da política está à vista. Ontem, ficámos a saber que já há quase um milhão de portugueses de joelhos.