Que futuro para a IA? Paris debate caminhos
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Depois do Reino Unido e da Coreia do Sul, França acolhe, no início da próxima semana, no Grand Palais de Paris, uma Cimeira de Ação sobre Inteligência Artificial que reúne mais de dois mil participantes oriundos de cem países, entre eles, alguns chefes de Estado e vários CEO de big techs. Trata-se de uma reunião que está a suscitar um enorme interesse dos média internacionais, numa altura em que a América e a China avançam bastante neste terreno.
Não é simples disputar o lugar de gigantes tecnológicos que contam com forte investimento financeiro, recursos humanos avançados e matéria-prima abundante. No que diz respeito à Europa, grande parte do desenvolvimento continuará dependente de uma infraestrutura em amplo progresso nos EUA e na Ásia, sendo muito difícil competir com empresas como a Google, a OpenAI, a Microsoft ou a Baidu e a Alibaba. Todos sabemos que hoje os “data centers” americanos e chineses estão muito à frente, apresentando, por isso, um colossal avanço no que diz respeito à capacidade para treinar modelos de IA de larga escala. Acresce que as empresas europeias se debatem ainda com uma cultura algo conservadora na adoção de IA, atrasando a digitalização e a inovação em setores fortemente estratégicos.
Para ultrapassar estes constrangimentos, é necessário equilibrar inovação e regulamentação, investir em infraestrutura digital e fomentar startups protagonizadas por talentos nacionais. Por enquanto, o velho continente tem avançado mais na regulamentação. A União Europeia já aprovou o AI Act, uma das primeiras grandes regulamentações globais, que proporciona segurança e assegura importantes princípios éticos, embora possa também travar progressos e afogar procedimentos em teias burocráticas.
Em Paris, procurar-se-á debater temas como a segurança dos modelos de IA, a diversidade linguística, a proteção de dados pessoais, as liberdades fundamentais, a propriedade intelectual, a concentração do mercado e o acesso a dados, bem como a governança global da IA. Para a preparação desta reunião, criaram-se cinco grupos, liderados cada um por dois países: IA de interesse público (Brasil e Marrocos), futuro do trabalho (Itália), inovação e cultura (Comissão Europeia), confiança na IA (Coreia do Sul e Reino Unido) e governação global da IA (Índia e Canadá).
Das discussões espera-se que saia um conjunto de compromissos para uma IA mais segura, inclusiva e benéfica para a sociedade. As decisões tomadas agora poderão moldar não só o rumo da economia digital nas próximas décadas, mas, acima de tudo, poderão ditar como viveremos a curto prazo. Em várias geográficas e em diferentes escalas.

