Há uma curva que será mais difícil de achatar. Os números não enganam. Em Portugal e no resto do Mundo, as pesquisas na Internet pela palavra desemprego dispararam. Aos milhares.
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Um gráfico sobre o desemprego nos EUA tornou-se mesmo um meme viral face ao pico da taxa.
A quem já vivia agarrado aos ventiladores dos recibos verdes, dos contratos precários e dos salários que pagam a alimentação e os transportes para o local de trabalho e pouco mais, é indiferente saber quem tentará pôr de pé o plano de recuperação económica do país. Se é um ministro, um superministro ou um paraministro não é relevante. Como disse António Costa, os custos da crise são absolutamente brutais.
É verdade. Mas ainda mais brutais serão para quem esta pandemia só veio pôr a nu as suas dificuldades. E são muitos. Os novos apoios para as famílias e trabalhadores que perderam rendimentos devido à crise provocada pelo confinamento forçado da população, anunciado ontem pelo Governo, não achatarão a curva como todos desejaríamos. Nem as moratórias de crédito que, mais tarde ou mais cedo, todos acabarão por pagar.
Nem as mudanças no regime de lay-off, o complemento de salários, o apoio ao emprego jovem, as rendas acessíveis, os subsídios para as artes, etc. Todos os auxílios são bem-vindos. E precisos. Ainda bem que foram anunciados. Mas é bom não esquecer que os apoios divulgados anteriormente pelo Governo para combater os custos da covid-19 ainda não chegaram a todos.
Há pequenas e médias empresas a suplicar pelos fundos públicos prometidos. Há empresários a denunciar a excessiva burocracia associada aos processos. Há desempregados sem respostas em tempo útil nos serviços de Segurança Social.
E, recorde-se, há contribuintes que desesperam à espera do reembolso do IRS. Não basta, pois, ser célere no anúncio das medidas do Programa de Estabilização Económica e Social. É preciso garantir a mesma rapidez e as ferramentas técnicas e humanas para a concretização dos apoios.
*Diretor-adjunto