"Quem controla o passado controla o futuro: quem controla o presente controla o passado". A frase pertence a George Orwell. Gideon Rachman, jornalista do "Financial Times", faz notar que o livro "1984" é um guia para líderes como Vladimir Putin e Xi Jinping. Ao ler a obra "Na cabeça de Xi", encontrei duas variações formuladas por François Bougon: "quem controla a História controla o futuro"; "para Xi, o futuro está no passado".
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Aterrando agora em Portugal, proponho uma nova máxima: "quem não controla o presente não controla o (seu) futuro". É verdade que o domínio sobre o passado e sobre o presente é bem mais fácil em regimes musculados, onde a liberdade de expressão - intimamente ligada à pluralidade política e à comunicação social sem amarras - é muito limitada. Em democracia, as paredes são de vidro e têm ouvidos. O acesso livre à maior parte da informação depende apenas do mérito jornalístico, que se limita a explorar as liberdades conquistadas há 49 anos em Portugal, data que aliás é assinalada amanhã.
Duas sondagens, realizadas pela Aximage para o JN, DN e TSF, publicadas ontem e hoje no nosso jornal, dão conta dos estilhaços da desastrosa política de comunicação do Governo. O último caso diz respeito ao famoso parecer sobre o despedimento de dois altos gestores da TAP. Os ministros disseram tudo e o seu contrário no espaço de dias. Afinal, alegadamente, nem existe um parecer. O histórico de peripécias é já longo num curto espaço de tempo de maioria absoluta. Os factos ocorridos podiam até ser "feios", mas a coordenação e a forma de falar em público deveriam ser "bonitas". Como diz o académico Robert Trivers, "uma das coisas mais importantes a perceber sobre os sistemas de comunicação animal é que eles não existem para divulgar a verdade". Pedia-se, no mínimo, que nos poupassem à vergonha alheia.
*Editor-executivo-adjunto