Em Portugal, é muito difícil ser adepto de futebol. Os últimos dias são um belo exemplo da toxicidade com que os clubes mais poderosos contaminam o ambiente desportivo nacional perante a total passividade das autoridades desportivas e governativas.
Na Taça de Portugal, o Braga venceu com justiça na lotaria das grandes penalidades. Aceitamos que se discuta se terá ficado um penálti por assinalar para o Benfica da mesma forma que se discute se ficou por assinalar um penálti para o Braga. Mas o que não se pode aceitar é o clima de intimidação que se gera sempre que perdem.
A forma como alguns jornais e comentadores trataram a vitória do Braga roçou a indignidade e contrasta com o silêncio conivente em que ficaram quando o Benfica beneficiou de erros graves contra Vizela, Vitória de Guimarães ou Varzim. Da Comunicação Social espera-se mais isenção e menos propaganda.
Outro bom exemplo da arrogância de quem tudo pode foi a fraude dos bilhetes de Bruges em que adeptos do Benfica se fizeram passar por sócios do clube belga para adquirir espaços que estavam destinados ao adversário. Foram descobertos e o negócio foi anulado.
É preciso que os três clubes poderosos respeitem os adversários e aceitem que não mandam nos estádios dos outros. Tal como o Sporting não foi obrigado a vender os 11 mil lugares vazios aos adeptos do F. C. Porto também os outros clubes não podem ser obrigados a vender acima da quota mínima. A organização do jogo e a sua segurança devem ser respeitadas.
É urgente que a Liga trate de garantir que os clubes podem competir em condições objetivas de igualdade. Coisa que, como se sabe, ainda não é privilégio de todos.
POSITIVO: O JN foi o jornal nacional que melhor valorizou o espetáculo da vitória do Braga na Taça de Portugal. A capa "São Matheus" e a crónica de análise ao jogo destacaram o que realmente aconteceu e evitaram a polémica criada.
NEGATIVO: O clima de intimidação sempre que os três poderosos perdem.
*Adepto do Braga

