O ataque aberto e descarado de Donald Trump à União Europeia e aos valores mínimos que ainda vão unindo as nações do bloco devia assustar os líderes do lado de cá do Atlântico. Os EUA mudaram, mas por cá pouco se alterou. Continuamos a prestar vassalagem canina à Casa Branca, ainda que se vislumbre um ou outro momento de diplomacia e palavras mais duras, mas pouco consequentes, aparentemente.
O problema começa logo na corrida ao armamento em que Portugal também participa. Vamos gastar milhares de milhões de euros, mas ainda não houve um debate sobre como os vamos gastar, qual a estratégia da despesa. É no âmbito da NATO? A NATO faz sentido, quando o principal parceiro parece ser a primeira ameaça? Vamos investir em tecnologia adaptada à guerra moderna? O bloco europeu vai render-se e manter-se dependente dos americanos, mesmo sabendo que, se for preciso, Trump rói a corda? Vamos continuar a autorizar a interferência política? Aliás, não ouvi nacionalistas patrióticos a criticar o documento norte-americano que interfere com a nossa soberania. A UE tem de tomar decisões rápidas, se quer ter hipóteses de sobreviver. E no nosso país pouco ou nada se ouve sobre o tema.
Vamos continuar a deixar que políticos e oligarcas americanos tenham mais poder nos nossos países do que os políticos eleitos? E que sejam eles a dizer-nos quem devemos escolher ou que decisões tomar? São tantas questões sem resposta e tantas outras a que devíamos estar a responder, mas que ainda não sabemos que as devíamos estar a colocar. Estes são os verdadeiros problemas de soberania. Não é o número de imigrantes no Martim Moniz. Não tarda e teremos de abrir um novo capítulo na nossa história, para explicar os golpes de Estado patrocinados pelos EUA na Europa, ao estilo América Latina. Seja com navios de guerra no golfo da Biscaia ou com partidos financiados com dinheiro da CIA, ou até do X.

