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Raivoso: Adjetivo.
1. Atacado de raiva = danado, hidrófobo. 2. Dominado pela raiva = furioso, irritado.
3. Intratável, bravo, feroz.
António Costa acredita que a Direita está raivosa. Foi esta a principal conclusão saída da última reunião da Comissão Nacional socialista, com o secretário-geral a garantir que "o Governo tem pouco mais de um mês e a Direita, que começou por ficar raivosa pela existência do Governo, está agora mais raivosa porque não só o Governo existe, como também porque o Governo funciona".
A convicção de António Costa assenta num duplo equívoco.
Para começar, a Direita não está atacada ou dominada pela raiva, intratável, brava ou feroz, porque os socialistas governam. A circunstância não é singular e contados os mandatos desde a instauração da democracia em Portugal, são até mais os governos de cor rosa, do que os outros.
Quando muito, a Direita estará espantada, surpreendida, estupefacta, porque governa sozinho em Portugal um partido que perdeu as eleições e sentam-se nos bancos da Oposição os partidos que venceram, coisa estranha em democracia, que conceptualmente foi criada para que a vontade do povo conte.
Não fosse, de resto, o facto inusitado e não teria sido registado como tal, abundantemente, dentro e fora de fronteiras.
Acresce - ingratidão escusada - que se neste momento o Governo funciona como afirma, António Costa deve-o exclusivamente à Direita, ou melhor, a parte dela, e não à muleta solidária da extrema-esquerda com que diz contar.
O secretário-geral do PS quererá esquecer, mas dependesse do PCP e BE, o Orçamento Retificativo votado há semanas no Parlamento teria sido impiedosamente chumbado, naquele que foi o primeiro teste à governação. Ironia do destino, valeu na ocasião a mão do PSD, que decidiu abster-se. A união das esquerdas - ficou provado - é um exercício de faz-de-conta.
Se não raivoso, pelo menos aborrecido, anda por estes dias Pedro Marques Lopes. Ressentiu-se porque não o levo a sério. E em português sofrível, num artigo, destilado o ódio à província - tique não raras vezes associado a complexo de estatuto - feito de alusões próprias de conversa de taberna, decidiu puxar dos galões de luminária, que na falta de talento julga garantidos pela simples sugestão de origem - por confirmar - algures à volta do Terreiro do Paço.
Acontece que a quem faz cátedra do mal que diz dos outros, não lhe encontro, de facto, exemplo de particular relevo. Lamento.
Duas previsões então para 2016. O Pedro Marques Lopes continuará a apreciar-me pouco. E eu a achá-lo fraquinho, mas disposto a dar-lhe troco.
Bem vistas as coisas, não virá daí mal ao Mundo.