Rankings à medida... de alguns!
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O ranking das escolas, denominação falaciosa, será conhecido na próxima sexta-feira, fruto do trabalho hercúleo de um conjunto de pessoas, desde jornalistas a entidades que prestam o apoio no tratamento de dados e outras tarefas relevantes. Queixam-se de o Ministério da Educação não ter divulgado um conjunto de dados úteis para a realização deste trabalho, o que, desde logo, indicia a debilidade do mesmo, quando se tem como objetivo comparar o incomparável.
A escassez de critérios não define de todo as escolas, que não se reveem em tão paupérrimo exame/escrutínio, na qual dominam as médias dos exames nacionais, o modo tradicional de graduar as escolas numa tabela classificativa ilusória.
Reconhecendo ter havido um esforço no aperfeiçoamento do trabalho e na metodologia aplicada, existem imensos critérios “desprezados”, e que deveriam ser considerados para tornar cada vez mais justo os resultados apresentados. A título de exemplo, enumero alguns que devem ser ponderados futuramente, de modo a elevar a qualidade de um trabalho que servirá utilmente cada escola e o sistema educativo:
(i) Número de aulas (a escassez de professores ocasiona a ausência de atividade letiva em algumas disciplinas, prejudicando as aprendizagens dos alunos);
(ii) Estabilidade do corpo docente (existindo concurso de professores anualmente, estes não se fixam nas escolas, com prejuízo do desenvolvimento do projeto educativo e da consolidação de uma cultura de escola);
(iii) Efeito explicações (muito do mérito nos resultados dos alunos passa pelo apoio extraescolar, modalidade que depende das condições socioeconómicas de cada família);
(iv) Valor acrescentado (as escolas acrescentam valor a cada aluno, desde que entra até que sai, devendo ser mensurável);
(v) Superação (tendo em conta diversos constrangimentos sentidos pelas escolas, e as expectativas depositadas nas mesmas, a superação dos resultados académicos e sociais devem ser contabilizados).
As escolas deverão continuar a preparar os alunos para o acesso ao ensino universitário e o percurso que aí realizam, facultando-lhes ferramentas para ingressar na sociedade e na vida ativa mais capacitados e competentes.
Por ora, o valor do ranking das escolas deverá ser relativizado pelas escolas; estas devem ter mais em atenção o programa de Avaliação Externa das Escolas, efetuado pela Inspeção-Geral da Educação e Ciência, que se centra nos domínios da autoavaliação, liderança e gestão, prestação do serviço educativo e resultados.