É possível argumentar que a publicação anual dos rankings das escolas não serve nem aos alunos nem à sua educação, nem contribui para abater o fosso social que divide os portugueses em classes. Mas é impossível negar que os resultados dos rankings são o reflexo dessa divisão.
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A prevalência dos colégios privados nas listas das melhores notas devia preocupar governantes, sindicatos e restantes grupos de interesse que gravitam à volta dos gastos do Estado neste setor. Se os melhores alunos estão no privado, depois do investimento coletivo brutal que todos fizemos para melhorar a escola, isso significa que o esforço de todos é melhor aproveitado pela parte privilegiada.
Em vez de se derrubarem iniquidades, erige-se um muro educativo, social e económico que está a ser pago pelos contribuintes, mas a deixar a maioria do lado errado. A escola pública serve antes de mais para proporcionar condições de igualdade e resgatar quem tem maior probabilidade de ficar para trás, para os aproximar do topo. Alguma coisa está profundamente errada com este sistema e negá-lo é um perigoso sinal de teimosia ou, pior ainda, de incapacidade para o mudar.
Jornalista