Joe Biden chegou à Polónia de comboio e partiu de avião. As questões de segurança sobrepõem-se, neste momento, a tudo o mais. A solidariedade política e militar com a Ucrânia é a prioridade.
Corpo do artigo
E a Polónia é um Estado precioso, até porque a presença de forças armadas norte-americanas no território poderá ser reforçada. No entanto, nem o simplismo imposto pela guerra engana. Há muito mais em jogo.
Sobrevoando a política externa norte-americana, nada como uma boa dose de realpolitik para mostrar ao Mundo que os fins justificam os meios. "A Polónia não é um exemplo de Estado de direito, de liberdade de imprensa ou de Justiça", afirmou Maciej Stasinski, jornalista polaco, em conversa telefónica que mantive há dois dias com ele. Não há aqui exageros. Grande parte da Comunicação Social foi compulsivamente nacionalizada dentro de um país da União Europeia. E a Ucrânia está mal ao nível da liberdade de expressão?
A realpolitik ensina-nos que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Maciej, editor de Internacional num dos poucos jornais independentes ainda vivos, o "Gazeta Wyborcza", e correspondente do espanhol "La Vanguardia", alinha por aí. "A Polónia está na UE há 20 anos e só nos últimos é que começou a desrespeitar alguns princípios. A Ucrânia está ameaçada na sua existência e merece todo o apoio dos EUA e da UE. A Polónia também está solidária", sublinha Maciej.
A liberdade de expressão, intimamente ligada à de imprensa, não é prioritária, neste momento. O Governo polaco assinou, ontem mesmo, um contrato com a empresa norte-americana Westinghouse para projetar e construir a sua primeira central nuclear. A liberdade não é prioritária.
Henry Kissinger, distinto político dos EUA, definia realpolitik como "a política externa baseada em cálculos de poder e do interesse nacional". Há dúvidas?
*Editor-executivo-adjunto