Rearmamento europeu ou o colapso da economia europeia?
Corpo do artigo
A Comissão Europeia apresentou a tão aguardada proposta para o rearmamento europeu (ReArm Europe), que tem como objetivo alocar cerca de 800 mil milhões de euros para a defesa da Europa. A iniciativa surge num contexto de crescentes tensões geopolíticas e, apesar de ser inegável que o velho continente deve reconsiderar a sua posição em matéria de armamento, suscita um debate sobre as suas implicações.
Por um lado, esta corrida ao armamento poderá impulsionar a inovação tecnológica em diversos setores, tais como: militar, cibersegurança, tecnologia de ponta e inteligência artificial. Além do mais, haverá a possibilidade de criação de novos postos de trabalho e a consequente redução do desemprego (em especial nas áreas mencionadas). E, como se estes motivos não bastassem, um maior investimento na defesa, de acordo com o relatório de Mario Draghi, poderá ser a solução não só para reduzir a dependência externa europeia, mas também para fortalecer a sua economia.
Porém, existem fatores e preocupações legítimas a ter em conta acerca dos possíveis impactos económicos e sociais do referido aumento nas despesas da defesa. Primeiramente, um aumento repentino na atividade militar europeia poderá contribuir para a desconfiança das nações inimigas e para a consequente escalada militar. Além disso, a alocação de fundos para a defesa incrementa o risco de serem utilizados menos fundos para o setor social, o que colocaria áreas como a saúde, a educação e infraestruturas em risco. Paralelamente, há na Europa uma série de países em dificuldades económicas, pelo que o foco na defesa poderá limitar as suas capacidades de responder a eventuais crises.
É, portanto, imperativo encontrar um equilíbrio.
De facto, investir na defesa é crucial para a segurança e, como referido, para a competitividade da Europa. Todavia, esse investimento deve ser feito de modo a não sobrecarregar o endividamento dos países nem as respetivas finanças públicas; uma abordagem equilibrada, que permita o rearmamento europeu, mas que não comprometa o estado social.