Ao aproximar-se a campanha eleitoral, a classe política esmera-se na procura de frases curtas procurando encadear os eleitores na luz artificial das promessas gordas.
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Subida de salários na Função Pública e fim das taxas moderadoras nos centros de saúde são, para já, as bandeiras que a todo o custo o BE quer fazer desfraldar.
Quem gosta de fazer contas (e também há eleitores do PS que têm esta mania) e quem gosta de estudar alguma coisa, facilmente percebe que:
- Portugal tem uma dívida das mais altas da Europa sem o necessário crescimento para a sua diminuição expressiva;
- tem, por isso, que tentar estancar os níveis de despesa por longos anos;
- os salários da Função Pública são, em média, mais elevados do que os do setor privado; aumentá-los trará novos fatores de desigualdade e injustiça social;
- a esmagadora maioria da população ativa trabalha no setor privado; a expectável pressão para novos aumentos do salário mínimo será muito difícil de acomodar sem um agravamento sério da nossa competitividade;
- acresce que o setor público não foi nunca capaz de impor, com eficácia, critérios meritocráticos; escolher os quadros técnicos e, imagina-se, dentro destes os que estão (em termos relativos) mal pagos é simplesmente tarefa impossível para um sistema que por resquícios de ideologia revolucionária se empenha em tratar tudo por igual.
Quanto às taxas moderadoras, o tema é simplesmente revoltante. A maioria dos utentes que pagam as taxas nos centros de saúde podem fazê-lo e tem noção do excelente rácio custo-benefício de que beneficiam.
Quem se der ao trabalho de conhecer o regime em vigor para a isenção deste pagamento verificará que só quem pode pagar é obrigado a fazê-lo, o que é justo, normal e necessário como contribuição para o financiamento do sistema.
Seria muito importante que, a bem da literacia eleitoral, não nos empurrassem pela garganta abaixo uns rebuçados mal-amanhados com sabor ao mofo típico de um fundamentalismo de esquerda antiquado e antipatriota.
*ANALISTA FINANCEIRA